Maddie McCann "desapareceu" em Maio na Praia da Luz, em Lagos. Desde aí não há dia em que não tenhamos que levar com uma enxurrada de notícias. Perdão "pseudonotícias" sobre este caso. Todos concordamos que o desaparecimento, ou pior, da criança britânica é preocupante, mas daí a que um simples caso se sobreponha aos restantes assuntos é demais. Os media ingleses começaram, mas a comunicação social portuguesa correu logo atrás. É inadmissível que após cinco meses do desaparecimento de Maddie o assunto continue a ser o tópico de abertura dos telejornais ou de manchetes na imprensa escrita. Se se compreende que assim seja quando há dados novos e relevantes - como a constituição dos pais como arguidos - há que de uma vez por todas sublinhar que 90 por cento do que foi dito até ao momento pelos jornalistas foi fruto de fontes deturpadas, fontes inventadas ou criado pela imaginação de cada um, para alimentar o assunto até - se possível - ao infinito. De acordo com a edição do JN de hoje ( http://jn.sapo.pt/2007/09/16/televisao/pode_o_caso_maddie_visto_como_constr.html) "o caso Maddie" lidera nas estações portuguesas este ano. Foi alvo de 1080 peças que duraram 54 horas. Em segundo lugar, segundo a Mediamonitor, ficam as eleições Intercalares em Lisboa (531 notícias, 23 horas), sucedendo-se a gripe das aves e o escândalo Casa Pia. Na última semana (de 6 a 11), os telejornais dedicaram-lhe 30% do seu tempo. A SIC foi a que mais notícias emitiu. Sem colocar em causa - de modo algum - a gravidade do desaparecimento de uma pessoa, em particular de uma criança, a verdade é que se os media se comportassem da mesma forma para todos os desaparecimentos teríamos um grave problema para resolver. É que segundo os últimos números Mais de 1,2 milhões de crianças são anualmente vítimas de tráfico humano. Em Portugal há pelo menos 8 menores cujo paradeiro é desconhecido. Se cada um destes casos ocupasse 54 horas - como o caso Maddie ocupou - então teríamos qualquer coisa como 432 horas de cobertura televisiva. Que o jornalismo já foi uma causa nobre, informou, educou os cidadãos em alturas muito complicadas e ajudou a ultrapassar barreiras e quebrar censuras, é agora indisfarçável que isso são águas passadas. A partir do momento em que é a Prisa, a Media capital, a cofina ou o Joaquim oliveira a ditarem as regras. Perdão a regra (leia-se dinheiro) o jornalismo não pode resistir. A investigação morreu, a reportagem definhou, o espírito crítico foi comprado pelo poder económico dos senhores/ empresas atrás referidos e a censura está aí. Nem precisa de se esconder por detrás do biombo, porque este governo (português) também estende a mão para ajudar. O novo estatuto dos jornalistas (http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/973C87CD-4759-4A3F-8697-D9A20F01BB38/0/Prop_Estatuto_Jornalista.pdf)- que o PR - rejeitou à primeira (http://csocial.wordpress.com/2007/08/03/cavaco-silva-veta-novo-estatuto-do-jornalista/) acentua ainda mais o que acabei de dizer. Se for mesmo aprovado tornar-se-á no apocalipse do jornalismo português. Mas sobre assunto falarei mais tarde.
Sunday, 16 September 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment